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A verdade, em História.

  • Foto do escritor: Isabela Salgado
    Isabela Salgado
  • 6 de dez. de 2016
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de dez. de 2023


O historiador Jacques Le Goff em seu livro "História & Memória" (Editora da Unicamp, 2013, p.12), vai nos falar sobre o conceito de verdade em história: "A tomada de consciência da construção do fato histórico, da não inocência do documento, lançou uma luz reveladora sobre os processos de manipulação que se manifestam em todos os níveis da constituição do saber histórico. Mas esta constatação não deve desembocar num ceticismo de fundo, a propósito da objetividade histórica, e num abandono da noção de verdade em história; ao contrário, os contínuos êxitos no desmascaramento e na denúncia das mistificações e das falsificações da história permitem um relativo otimismo a esse respeito".

Em meu ofício de historiadora, ao percorrer os arquivos e estudar os documentos de uma instituição educativa, ou até mesmo de uma empresa, tenho a possibilidade de comparar estes documentos com outras fontes (livros, jornais, resenhas e outras publicações), que tratam da história da organização. Em várias momentos é possível desvendar eventos que foram mistificados, omitidos ou até mesmo negligenciados, alterando os acontecimentos e os fatos. O trabalho de reinterpretação do passado é uma constante na minha profissão, uma construção que permite que novos elementos elucidem as necessidades atuais. Esta reconstrução incessante não compromete de nenhuma forma o nosso objetivo de conhecer a verdade dos acontecimentos, ao contrário: é nesta inexatidão, nesta teia de incertezas, e de inúmeras possibilidades, entre passado e presente, que é possível aperfeiçoar o conhecimento histórico.

Segundo o autor em questão, todo documento é monumento, e a avaliação deste pelo historiador deve utilizar modelos de explicação rigorosos e coerentes. E citando Lucien Febvre, Le Goff vai dizer: "Elaborar um fato é construí-lo. Se quisermos, uma questão dá-nos uma resposta. E, se não há questão, não fica mais que o nada". Só existe fato histórico no interior da história-problema. E aí sim, é possível encontrar a verdade, ou ao menos se aproximar dela.

Relevo Mural Assíria - 884-859 a.c.

Bibliografia:

LE GOFF, Jacques. História & Memória. 7ed. revista. Campinas, SP: Editora da Unicamp,

2013. 504 p.

FEBVRE, L. (1933). "De 1892-1933. Examen de conscience d'une historie et d'un historien",

in Combats pour l'histoire. Paris: Colin, 1953, pp. 3-17 (trad. port. Lisboa: Presença,

1997).


 
 
 

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