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Sombras da Romãzeira

  • Foto do escritor: Isabela Salgado
    Isabela Salgado
  • 24 de jan. de 2017
  • 2 min de leitura

Sombras da Romãzeira e O Sal da Terra – Uma pequena resenha de presente para vocês. Feliz Ano Novo!

Yazid. No livro Sombras da Romãzeira, do paquistanês Tariq Ali, o que mais me impressionou foi a figura de Yazid. Um menino, que morreu de peito aberto, lutando junto com seus pais, como todos de sua família, com sua aldeia, por seu reino. Estamos em Granada, ou Garnata, Espanha, Andaluzia, no ano de 1499. Fernando e Isabel, reis católicos, e seus milhares de cavaleiros, após oito séculos de lutas com os muçulmanos, reconquistam definitivamente a Península Ibérica. Sebastião. Assistindo O Sal da Terra, documentário sobre a vida do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que é fantástico, uma frase me marcou: “Uma guerra que nunca termina”. São duas obras excepcionais: um livro e um documentário, que se passam em momentos e ambientes distintos. Então, o que aproxima essas narrativas? Em ambas, dois meninos, Yazid e Sebastião (este, um homem com pouco mais de 70 anos, mas que carrega dentro de si o garoto de Aimoré e seu amor pela vida), nos contam a trajetória de suas vidas e seu amor pela terra. A riqueza da família de Yazid vinha da terra. Dessa terra que tudo nos dá. Eu pude até sentir o aroma do bolo de trigo com a calda das tâmaras. A família de Sebastião também. Seu Pai, fazendeiro em Minas Gerais, descendente de portugueses, plantou e colheu, e assim durante uma vida toda criou sete filhas e seu menino, Tião. Este, após passar a vida registrando a condição humana, o sofrimento das pessoas, voltou-se para a terra, para o planeta ameaçado e criou o Instituto Terra, uma organização ambiental dedicada ao desenvolvimento sustentável do vale do Rio Doce. O menino Yazid não pode mais falar, foi silenciado. Mas o menino Tião, através de suas lentes tem deixado registrado a sua homenagem ao nosso chão. Sem essa gratidão pela terra, por nosso planeta, nos tornamos insípidos, deixamos de ser o sal da terra, perdemos nosso propósito. E foi assim que os cristãos reconquistaram a Península Ibérica: extinguindo toda a gente. Matando e queimando o que dá sentido à terra, aqueles que são responsáveis pelo seu cultivo, sua memória... uma civilização inteira. E hoje todos sofremos as consequências dessa intolerância, desse ódio, dessa brutalidade. “Pedras soltas jamais fazem um muro firme de uma cidade” (Tariq Ali). E temos uma vida inteira para pensar a respeito e escolher o caminho que queremos seguir. Isabela Cristina Salgado Sombras da Romãzeira – Tariq Ali. 3° Edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002. O Sal da Terra – Uma viagem com Sebastião Salgado. Documentário. Juliano Ribeiro Salgado; Wim Wenders. França, 2014. Foto: Isabela.


 
 
 

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